terça-feira, outubro 14, 2014

Matéria jornal "O Fluminense"

A matéria saiu na sexta-feira, 10 de outubro, sobre o show que aconteceria a  noite em Niterói/ RJ.

Detonautas Rock Clube se apresenta hoje em Niterói com nova turnê
Por: Marcella Monteiro 10/10/2014


A banda de rock liderada por Tico Santa Cruz traz nesta sexta para o Bar do Meio, em Piratininga, a turnê do novo álbum, que mistura ritmos e propostas

Formada em 1997 por Tico Santa Cruz (vocal e guitarra), Phillipe (guitarra e vocal de apoio), Renato Rocha (guitarra), André Macarrão (baixo), Fábio Brasil (bateria) e Cléston (DJ e percussão), o Detonautas Roque Clube volta à cena com A Saga Continua, álbum cuja turnê passa hoje pelo palco do Bar do Meio, em Piratininga. O quinto álbum de inéditas termina com o jejum de forma marcante: o novo disco é duplo e conta com 18 novas faixas, sendo uma delas regravação. 

Produzido pela própria banda, no primeiro disco, com um material mais pop/rock, prevalecem as levadas mais leves, como Um cara de sorte, Quem É Você? e Essa Noite, mas sem deixar de lado o conteúdo das letras, característica marcante da banda.

Já o segundo CD traz uma pegada mais pesada, que vai do rock/hardcore ao raprock, como em Combate, de letra suja e densa, e Sua Alma Vai Vagar Por Aí, que traz a participação especial da Cone Crew Diretoria. A única música não inédita de A Saga Continua foi escolhida para homenagear um grande parceiro. Detonautas, que participou do último disco do cantor Celso Blues Boy antes de falecer, regrava Sempre Brilhará. 

Há 17 anos à frente do Detonautas Roque Clube, Tico Santa Cruz se destaca por ser uma personalidade engajada nas questões políticas e sociais. Influente, o músico utiliza o Facebook para expor suas opiniões e interagir com seus fãs. Em entrevista a O FLUMINENSE, o vocalista revela alguns detalhes no novo CD.

Como é voltar, com material totalmente inédito, depois de algum tempo sem um projeto de estúdio?
Ficamos seis anos trabalhando nesse disco. Em parte porque estávamos inseridos em projetos do Detonautas, como o lançamento do DVD Acústico (2010), depois o DVD Ao Vivo Rock in Rio (2011), e, no ano seguinte, novamente com um Tributo a Raul Seixas no Rock in Rio (2013). Ao longo desse tempo, lançamos as músicas pela internet e deixamos livre para as pessoas baixarem. Então decidimos que seria importante ter o disco físico disponível nas lojas e também nas plataformas virtuais. Juntamos todo o trabalho que produzimos ao longo deste tempo e percebemos que havia muito material. No fim das contas, tivemos 18 músicas divididas em dois discos, lançando, assim, um álbum duplo.  

Fale um pouco sobre o CD “A Saga Continua”. 
O disco 1 tem faixas com uma abordagem mais voltada a influências do pop-rock, que sempre esteve presente nos nossos discos. Mas tem também baladas e uma música puxada para o hip-hop chamada Quem É Você?, que fala sobre as questões sociais e políticas do País em forma de crônica. Regravamos também a canção Sempre Brilhará, do Celso Blues Boy, em homenagem ao grande mestre do blues brasileiro. O disco 2 tem uma abordagem mais pesada, com guitarras gritando mais e letras mais densas em alguns momentos. Contamos com a participação da Cone Crew Diretoria na faixa Sua alma vai vagar por aí, que aborda o tema das drogas. É um disco bem diversificado, que promove todas as nuances que nós temos. 

A banda é capaz de chamar a atenção, não apenas pelo rock trabalhado de forma sólida, mas também pelas letras carregadas de sentimentos. “A Saga Continua” parte de qual inspiração?
Parte de nossa experiência no dia a dia, em todos os sentidos. Seja através dos livros, discos, filmes, seja através de situações que vivemos ao longo desses anos todos. A busca por letras que sejam simples, mas que possuam abordagens interessantes é uma questão muito particular nossa. Falamos de amor, de questões existenciais, políticas, sociais, drogas, sexo, e rock’ n’ roll.  

Como foi o processo de escolha das músicas?
Juntamos o que representava nosso sentimento para este momento e deixamos algumas músicas de fora, que talvez possam amadurecer para um próximo trabalho.  

Alguma preferência por alguma música do CD?
Quem é Você? foi uma grata surpresa. Conseguimos ficar entre as 10 músicas mais tocadas no Brasil mesmo falando sobre um assunto sério. Em meio a tanta ostentação e tanto besteirol, nós conseguimos falar sobre hipocrisia, política, sociedade. As pessoas ouviram e gostaram. Isso é uma grande vitória nos tempos de hoje.  

Como está sendo a repercussão do CD pelos fãs?
Boa. Nos shows, estamos ouvindo a galera cantar músicas que sequer tocaram nas rádios. Então percebemos que nossa mensagem e nossas canções estão sendo passadas.

As letras com críticas políticas e sociais sempre foram uma característica forte da banda. Faltam bandas de rock que convoquem os jovens para esse tipo de questionamento?
Acredito que seja bem difícil popularizar temas como esses através da música dentro do contexto atual da música brasileira. Nos anos 1980, o contexto político era o fim da Ditadura e um desejo de poder expressar o que ao longo dos Anos de Chumbo não era possível fazer. Isso deu ao rock nacional e à MPB principalmente muitas canções com esse tipo de abordagem. Hoje, a juventude passa por um momento de ostentação, de entretenimento pelo entretenimento, então, com tantos problemas no cotidiano, você ainda inserir mais temas como esse parece criar um incômodo. Então acredito que os artistas optem por temas e assuntos mais leves. Mas ainda tem gente que faz música mais séria, só não toca na rádio.  

Qual a expectativa para o show em Niterói? 
Esperamos que o nosso público e a galera de Niterói, que sempre me acompanha, compareça em massa para que possamos nos divertir bastante.

Conectados ao rock

Conectados ao rock
Publicado por: Vinícius Barreto e Natália Andrade
Fonte: Zine Cultural

O Conecta já é na semana que vem e Ivete Sangalo, Skank e Onze:20 já apareceram em nossas entrevistas... E você, tá sentindo falta de alguém? Então pode ficar tranquilo, Detonautas tá na área! Em um bate-papo com o Zine, Tico Santa Cruz, Fábio, Philippe, Renato e DJ Cléston falaram um pouco sobre o rock no Brasil, a conectividade e o futuro da banda!

Como vocês enxergam o cenário das novas bandas de rock brasileiro?
O cenário do Rock sempre teve boas bandas. Talvez, as pessoas não conheçam porque não está na mídia de massa. E as que estavam, não estavam lá representando muito bem. Todavia, não tem como o Rock competir com o poder financeiro do estilo que está na moda atualmente. Enquanto um empresário que investe milhões numa dupla de Sertanejos, que se juntaram como um produto para dar a esse empresário o gostinho de desfrutar do Glamour que isso desencadeia, uma vez que o sucesso acontece, garotos numa garagem, num estúdio, batalhando em casas pequenas e sem nenhum recurso financeiro ou oportunidades, ficam pelo caminho esperando uma chance de mostrar seu som. Mas uma hora o ciclo muda e quem resistir mais ficará. 

O último trabalho de vocês é recheado de músicas de protesto, linha que a banda sempre abordou. Com muitos revolucionários de internet hoje em dia, vocês acham que a música ainda tem o poder de influência de tempos atrás? 
Não vejo uma coisa interferir na outra. A internet é de fato uma revolução. Se não fosse por ela, como teríamos acesso a tantos fatos que mudaram a abordagem política do país, por exemplo? O trabalho dos "Revolucionários de internet" é esse mesmo. Usar a rede para fazer chegar onde não chegava antes a informação que estava sendo manipulada pelos veículos de comunicação de massa. Hoje em dia, um jornal ou uma tv não consegue mais manipular a seu bel prazer as informações, porque os revolucionários de internet estão lá, incomodando a concorrência. Eles também foram muito úteis ajudando a divulgar as mobilizações, e depois postando a violência Policial contra os Manifestantes e tantas outras ações que, quando não existia internet, não eram possíveis. Por outro lado a música mexe com a sensibilidade das pessoas, e através das letras passa uma mensagem de revolta, reflexão, questionamentos. Na verdade uma coisa soma força a outra. 

Quais as principais vantagens e desvantagens trazidas pelas redes sociais vocês avaliam no cenário musical do Brasil?
Como vantagem temos a quebra da necessidade de um intermediário para fazer conteúdos chegarem até as pessoas. Por outro lado isso cria um paradoxo, pois como qualquer um pode rechear as redes de qualquer tipo de informação, é comum que muitas mentiras, muitos boatos, muita poluição seja passada adiante pela falta de comprometimento das pessoas em se aprofundar nos assuntos e pela velocidade em que as coisas acontecem. Isso serve para qualquer coisa relacionada a internet, da música aos filmes e conteúdos em geral. Todavia, ainda prefiro saber que podemos contar com as redes sociais e com quem nos acompanha por lá, para que nossa música e nossas ideias cheguem as pessoas, do que ficar dependendo de troca da favores com quem antes detinha o poder absoluto. Como nunca fomos muito bom em politicagem, acabamos praticamente vivendo da Internet e dos recursos que ela oferece.  

Quais os próximos passos da banda?
Divulgar e trabalhar o disco novo, “Detonautas Roque Clube - A saga Continua”. Fazer a tour pelo país e manter nossas ideias e nossas mensagens chegando, por meio das músicas e das redes, até nosso público.