sexta-feira, janeiro 29, 2016

10 PERGUNTAS PARA TICO SANTA CRUZ

10 PERGUNTAS PARA TICO SANTA CRUZ

Tico Santa Cruz esteve em Rio Preto na quinta-feira (28) para se apresentar com a banda “Roks”, projeto paralelo em que deixa a Detonautas Rock Clube para dar voz a bandas que admira. Além de músico reconhecido, Tico também é considerado figura polêmica, sempre pronto para dar sua opinião – doa a quem doer. O fato de ter grande audiência das redes sociais, cerca de 2 milhões de seguidores, potencializa seu discurso.

1. Desde quando a música te influencia?
Desde sempre. Gosto de música desde criança. Cresci ouvindo MPB e Rock por conta da minha mãe que toca violão e canta. Não me lembro da minha vida sem música.

2. Na quinta-feira você esteve em Rio Preto com um projeto diferente do Detonautas. Do que se trata?
É um projeto que tenho desde 2006 onde acompanho bandas que gosto e quem têm trabalhos autorais interessantes e busco somar forças para que o rock volte a encontrar seus espaços e que essas bandas possam também ter alguma visibilidade. A “Roks”, por exemplo, é uma dessas bandas que adoro tocar junto e que tem um trabalho autoral bem bacana! Juntamos as duas coisas! Eles tocam algumas músicas autorais e eu faço o baile. O público se diverte e assim conhece uma banda nova.

3. Você é considerado um artista polêmico. Quais dos seus posicionamentos causam maior repercussão?
As pessoas associam meu nome à polêmica porque eu falo abertamente sobre todos os assuntos que estão em pauta no país. Ao contrário da grande maioria dos artistas que prefere não se comprometer. Essa é a simples diferença!

4. E na política, como você se posiciona?
A favor da democracia. A favor da responsabilidade como as questões estão sendo passadas adiante. Tentando mostrar aos meus seguidores que é um assunto complexo dentro de um sistema corrupto e que nunca havia sido investigado de forma mais profunda. Hoje estamos vendo corruptos e corruptores sendo presos. Antes como era? Não havia corrupção? Havia! O que não havia era investigação. A indignação de todos nós é legítima, o que não podemos é crer que um herói virá nos salvar e que vamos resolver problemas tão complexos com atitudes simplistas! É preciso combater a corrupção e mudar o sistema.

5. Num Brasil cada vez mais sertanejo, ficou mais difícil fazer rock ’roll?
O Brasil nunca foi o país do rock! Sempre passou por ciclos de monocultura. Isso é ruim, todo monopólio é prejudicial. Ainda mais quando se fala em cultura de um país com uma diversidade tão grande. Hoje fica impossível disputar espaço com os sertanejos, primeiro porque eles se organizaram de uma forma exemplar, fortalecendo seu estilo é até se apropriando da imagem de elementos de outros estilos, como o rock. O que faz parte. O problema aparece quando a força financeira dos sertanejos passa a prevalecer dentro das rádios e dos veículos de comunicação que preferem tocar sertanejo, porque eles pagam mais e por consequência ocupam mais espaços, ficam mais expostos e mais populares. Cabe ao rock se virar nos veículos alternativos até que essa onda passe. Se passar...

6. Aliás, você gosta de música sertaneja? O que ouve em seu iPod?
Não, essa música sertaneja atual não me emociona, não me diz nada. Mas, eu respeito. Cada um ouve o que quer. No meu som toca reggae, rock, rap, mpb. Músicas que me emocionam e me dizem algo.

7. Você também e compositor. Como é seu processo de criação?
Instintivo, intuitivo! Não uso regras, nem fórmulas! Falo da minha vida, do que me cerca e das questões que percebo na vida política e social do país. Amor, reflexões, temas variados. Pode acontecer a qualquer momento. Já acordei no meio do sono e compus uma letra.

8. “Sexo, drogas e Rock'n'Roll.” A frase ainda faz sentido?
Sempre fará. Mas, a mim nesse momento as coisas estão bem diferentes. Estou na minha fase equilibrada. Posso escolher. Antes eu não escolhia. E isso é uma escravidão. Quando você se liberta pode dizer quando vale a pena e quando não lhe interessa.

9. Você é considerado influente nas redes sociais, com mais de 2 milhões de seguidores. O que mudaria nela?
Meu trabalho nas redes sociais é um trabalho mesmo. Estou ali fazendo ações que possam levar meus seguidores a formar uma nova visão sobre o que eles enxergam, mas não pela minha visão, apenas estimulando que pensem, reflitam e não fiquem repetindo tudo que veem por aí sem questionar ou avançar em seu senso crítico. Não mudaria nada! Existem leis que pontuam os limites e essas leis precisam ser aplicadas em casos de discursos de ódio, racismo, intolerância e outras manifestações criminosas que estão crescendo.

10. Como você imagina o mercado audiovisual daqui a 20 anos?
Acredito que cada vez mais a internet será o meio por onde as pessoas atuarão e isso vai gerar uma série de conflitos de interesses entre as grandes empresas de comunicação ou mesmo os personagens que estão surgindo e continuarão surgindo para mudar a configuração geral da forma como se faz cinema, música, informação.